11 de dezembro de 2013

Otimizando o ambiente para pessoas com Autismo

Como já foi mencionado aqui no blog, o autismo é caracterizado por dificuldade de interação social, comportamentos repetitivos e estereotipados e dificuldades na fala. “Grande parte dos pacientes autistas tem uma motricidade perturbada pela manifestação intermitente ou contínua de movimentos repetitivos complexos” (ALVES, 2009, p. 80). Tais movimentos podem incluir o bater palmas, balançar os braços ou o corpo, bater a cabeça, etc. Tais movimentos ocorrem independente do local onde a criança se encontra.
A fala, em grande parte das pessoas com autismo, apresenta comprometimentos. Além da incapacidade de se comunicar, alguns indivíduos com o transtorno podem apresentar ecolalia (repetição do que foi dito), uso de frases estereotipadas, inversão pronominal (falar de si em terceira pessoa) ou não apresentar nenhum tipo de comunicação verbal (ALVES, 2009).
Além desses comprometimentos comportamentais e da fala, os autistas apresentam dificuldades na interação social. É importante lembrar que tanto esse como os outros sintomas podem varias de intensidade dependendo do grau do transtorno.
Fora esses sintomas, alguns outros fatores podem comprometer o aprendizado e o dia a dia de uma pessoa com autismo, especialmente em crianças em idade escolar. “A distração, as dificuldades organizacionais, a dificuldade em sequenciar, a falta de capacidade em generalizar, a dificuldade de comunicação e os comportamentos repetitivos e estereotipados dificultam a educação de indivíduos com Autismo infantil” (ALVES, 2009, p. 80).
                Um ambiente otimizado para atender pessoas com autismo deve levar em conta todas essas dificuldades, facilitando a comunicação e a interação social e oferecendo o aparato necessário para o aprendizado de diversas habilidades. Segundo o blog "Inspirados pelo Autismo", uma forma de tornar o ambiente mais confortável para indivíduos com autismo é simplificá-lo, diminuindo a quantidade de estímulos: “Quanto mais conseguirmos simplificar o ambiente sensorial de uma criança, mais fácil será para ela focar em interações sociais e no aprendizado de novas habilidades” (INSPIRADOS PELO AUTISMO, 2013). Dessa forma, paredes neutras e um ambiente silencioso podem ajudar, a mobília desnecessária deve ser retirada e todo resto deve ser seguro e resistente. Além disso, um espelho grande que vá do chão ao teto pode ser um aliado: “A principal função do espelho no quarto é estimular e facilitar o contato visual indireto com a criança. O espelho também contribui para o aprendizado de consciência corporal da criança” (INSPIRADOS PELO AUTISMO, 2013).



Além da estrutura do ambiente, algumas atitudes podem contribuir para facilitar o dia a dia dos indivíduos que apresentam esse transtorno. “Estabelecer uma rotina em locais que atendem autistas é uma das estratégias que podem colaborar para a redução dos níveis de angústia, ansiedade e dos distúrbios de comportamento dessas pessoas” (ALVES, 2009, p. 84). Assim, um quadro de atividades pode ajudar essas pessoas a se sentirem seguras e a compreender o que deve ser feito durante o dia a dia: “Quadros de rotinas visuais afixados na parede podem informar claramente a sequência prevista e ajudar a pessoa a sentir-se segura diante das transições de atividades e ambientes” (INSPIRADOS PELO AUTISMO, 2013).
É importante destacar que cada indivíduo com autismo tem sua singularidade, conhecer suas dificuldades e interesses é importante para que se planeje um ambiente que estimule seu desenvolvimento.
O vídeo abaixo traz algumas informações interessantes sobre a preparação do ambiente para receber crianças autistas, tanto do ponto de vista de uma arquiteta como de mães de crianças autistas. O vídeo é uma reportagem do programa “Imóvel e Construção” da TV Meio Norte (emissora de televisão do Maranhão). 


                Na cidade de Sonoma, California nos Estados Unidos os arquitetos do Leddy Maytum Stacy Architects desenvolveram o projeto Spectrum Sweetwatere construíram uma mini cidade específica para atender às necessidades dos portadores de autismo. O projeto foi criado para que adultos com a síndrome pudessem desenvolver o senso de comunidade e pertencimento em um ambiente totalmente planejado para lidar com as suas dificuldades. Todo ambiente foi pensado para minimizar a quantidade de estímulos, com estruturas simples e previsíveis. Além disso, todos os membros tem total autonomia para fazer suas escolhas, são orientados a desenvolver relacionamentos com sua família e vizinhos e podem escolher entre diferentes atividades como clubes, grupos religiosos, cursos e eventos.



Referências

ALVES, S. G. A estruturação do ambiente para a pessoa com autismo: Um relato de experiência. Pedagogia em ação, v. 1, n. 2, p.79-86, ago/nov. 2009. Disponível em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogiacao/article/view/1085/1118>. Acessado em: Dezembro de 2013.


INSPIRADOS PELO AUTISMO. Criando um ambiente físico otimizado para pessoas com autismo, 2013. Disponível em: <http://www.inspiradospeloautismo.com.br/a-abordagem/a-criacao-do-ambiente-fisico-otimizado-para-autismo/#.UqOn1PRDuss>. Acessado em: Dezembro de 2013.

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