Como já foi
mencionado aqui no blog, o autismo é caracterizado por dificuldade de interação
social, comportamentos repetitivos e estereotipados e dificuldades na fala. “Grande
parte dos pacientes autistas tem uma motricidade perturbada pela manifestação
intermitente ou contínua de movimentos repetitivos complexos” (ALVES, 2009, p.
80). Tais movimentos podem incluir o bater palmas, balançar os braços ou o
corpo, bater a cabeça, etc. Tais movimentos ocorrem independente do local onde
a criança se encontra.
A fala, em
grande parte das pessoas com autismo, apresenta comprometimentos. Além da
incapacidade de se comunicar, alguns indivíduos com o transtorno podem
apresentar ecolalia (repetição do que foi dito), uso de frases estereotipadas,
inversão pronominal (falar de si em terceira pessoa) ou não apresentar nenhum
tipo de comunicação verbal (ALVES, 2009).
Além desses
comprometimentos comportamentais e da fala, os autistas apresentam dificuldades
na interação social. É importante lembrar que tanto esse como os outros
sintomas podem varias de intensidade dependendo do grau do transtorno.
Fora esses
sintomas, alguns outros fatores podem comprometer o aprendizado e o dia a dia
de uma pessoa com autismo, especialmente em crianças em idade escolar. “A
distração, as dificuldades organizacionais, a dificuldade em sequenciar, a
falta de capacidade em generalizar, a dificuldade de comunicação e os
comportamentos repetitivos e estereotipados dificultam a educação de indivíduos
com Autismo infantil” (ALVES, 2009, p. 80).
Um
ambiente otimizado para atender pessoas com autismo deve levar em conta todas
essas dificuldades, facilitando a comunicação e a interação social e oferecendo
o aparato necessário para o aprendizado de diversas habilidades. Segundo o blog
"Inspirados pelo Autismo", uma forma de tornar o ambiente mais confortável para
indivíduos com autismo é simplificá-lo, diminuindo a quantidade de estímulos: “Quanto mais conseguirmos
simplificar o ambiente sensorial de uma criança, mais fácil será para ela focar
em interações sociais e no aprendizado de novas habilidades” (INSPIRADOS PELO
AUTISMO, 2013). Dessa forma, paredes neutras e um ambiente silencioso podem
ajudar, a mobília desnecessária deve ser retirada e todo resto deve ser seguro
e resistente. Além disso, um espelho grande que vá do chão ao teto pode ser um
aliado: “A principal função do espelho no quarto é estimular e facilitar o
contato visual indireto com a criança. O espelho também contribui para o
aprendizado de consciência corporal da criança” (INSPIRADOS PELO AUTISMO,
2013).
Além da
estrutura do ambiente, algumas atitudes podem contribuir para facilitar o dia a
dia dos indivíduos que apresentam esse transtorno. “Estabelecer uma rotina em
locais que atendem autistas é uma das estratégias que podem colaborar para a
redução dos níveis de angústia, ansiedade e dos distúrbios de comportamento
dessas pessoas” (ALVES, 2009, p. 84). Assim, um quadro de atividades pode
ajudar essas pessoas a se sentirem seguras e a compreender o que deve ser feito
durante o dia a dia: “Quadros
de rotinas visuais afixados na parede podem informar claramente a sequência
prevista e ajudar a pessoa a sentir-se segura diante das transições de
atividades e ambientes” (INSPIRADOS PELO AUTISMO, 2013).
É importante destacar que
cada indivíduo com autismo tem sua singularidade, conhecer suas dificuldades e
interesses é importante para que se planeje um ambiente que estimule seu
desenvolvimento.
O vídeo abaixo traz algumas informações interessantes
sobre a preparação do ambiente para receber crianças autistas, tanto do ponto
de vista de uma arquiteta como de mães de crianças autistas. O vídeo é uma
reportagem do programa “Imóvel e Construção” da TV Meio Norte (emissora de televisão do Maranhão).
Na
cidade de Sonoma, California
nos Estados Unidos os arquitetos do Leddy Maytum Stacy Architects desenvolveram o projeto Spectrum Sweetwatere construíram uma mini cidade específica para atender
às necessidades dos portadores de autismo. O projeto foi criado para que adultos
com a síndrome pudessem desenvolver o senso de comunidade e pertencimento em um
ambiente totalmente planejado para lidar com as suas dificuldades. Todo
ambiente foi pensado para minimizar a quantidade de estímulos, com estruturas
simples e previsíveis. Além disso, todos os membros tem total autonomia para
fazer suas escolhas, são orientados a desenvolver relacionamentos com sua
família e vizinhos e podem escolher entre diferentes atividades
como clubes, grupos religiosos, cursos e eventos.
Referências
ALVES, S. G. A estruturação do ambiente para a pessoa com
autismo: Um relato de experiência. Pedagogia
em ação, v. 1, n. 2, p.79-86, ago/nov. 2009. Disponível em:
<http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogiacao/article/view/1085/1118>.
Acessado em: Dezembro de 2013.
INSPIRADOS PELO
AUTISMO. Criando um ambiente físico otimizado para
pessoas com autismo, 2013. Disponível em: <http://www.inspiradospeloautismo.com.br/a-abordagem/a-criacao-do-ambiente-fisico-otimizado-para-autismo/#.UqOn1PRDuss>. Acessado
em: Dezembro de 2013.
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