15 de fevereiro de 2014

Entrevista com a mãe de uma criança com autismo

     A postagem de hoje será um pouco diferente das anteriores. Hoje você poderá ter a oportunidade de se aproximar, ainda que virtualmente, da história real de um menino que possui autismo.  A entrevista a seguir foi realizada pelos administradores do blog com Aline, a mãe de Guilherme.  A nossa proposta é fazer com que o leitor possa compreender melhor as maiores dificuldades que as mães e os familiares enfrentam ao lidar cotidianamente com uma pessoa que possui autismo, além de conhecer como o diagnóstico de Guilherme foi realizado, quais foram os primeiros sintomas apresentados, os métodos e técnicas de intervenções utilizadas e etc. Dessa maneira, você poderá fazer um link com os temas que foram expostos por nós ao longo do blog e a história real de Aline e seu filho Guilherme.

Guilherme e Aline - Fonte: Arquivo pessoal de Aline

Entrevista

Nome e idade da mãe entrevistada: Aline, 24 anos.
Nome e idade do filho: Guilherme, 5 anos.

1.    Quando você notou os primeiros sintomas? Que sintomas eram esses? 
Aline: Com 1 ano, sacudia as mãos quando assistia, atraso na fala, emitia sons tipo ‘um um’ com objetos redondos e não gostava de pessoas.

2.    Como e quando foi feito esse diagnóstico? 
Aline: Primeiro pela pediatra e neurologista com 1 ano e 2 meses e só com 3 anos com a psiquiatra.  

3.    Você foi informada sobre o grau de severidade? 
Aline: Sim, grau light pelo pediatra do Imip.

4.    Quais foram as medidas tomadas depois do diagnóstico? Algum tratamento específico?
Aline: Procurar tratamento, psicoterapia, fonoaudióloga e terapia ocupacional. 

5.    Quais as dificuldades enfrentadas no dia-a-dia da família? 
Aline: Antes dele falar  tinha dificuldade em compreender o que ele queria. 

6.    Seu filho frequenta alguma escola ou instituição de ensino?
Aline: Sim.

7.    É um local adaptado para crianças com esse transtorno?
Aline: Não, mas tem inclusão.

8.    Foi difícil procurar um local adequado?
Aline: Sim, muito.

9.    Você percebe alguma melhora com os tratamentos? Se sim, com relação a que aspectos? Como ele era antes do tratamento e como ele está hoje?
Aline: Sim, na fala, na interação com outras pessoas. Não falava, não aceitava as  pessoas (só eu e a avó materna), não gostava de sair de casa, só queria tá assistindo, não brincava nem só nem com outras crianças. 

10. Em sua opinião, qual tratamento foi mais eficaz? 
Aline: Escola, psicoterapia e os estímulos em casa. 

11. O que você espera para o futuro do seu filho? 
Aline: Que estude, consiga chegar a uma universidade, se forme, trabalhe e case mesmo com suas limitações. 

12. Você gostaria de falar mais alguma coisa? 
Aline: Ele teve uma grande evolução depois que me dediquei somente a ele, deixando de trabalhar para ficar com ele. E não adianta só o tratamento clínico, o que mais ajuda é o estimulo em casa e nunca excluir a criança. Pois frequento todos os lugares que crianças "normais" frequentam e ele sabe o que fazer em cada um desses lugares (praia, shopping, cinema, parque aquático, parque de diversões...). 

Guilherme - Fonte: Arquivo pessoal de Aline
Comentários:
                 
     Como pode ser visto na entrevista, Guilherme apresentou desde cedo os sintomas clássicos do autismo: comprometimento na fala, comportamentos estereotipados (“emitia sons tipo ‘um um’ com objetos redondos”) e possuía dificuldades de interação social (“não aceitava as  pessoas”). Além disso, a mãe relata que o diagnóstico foi feito precocemente (com 1 ano e 2 meses) o que, provavelmente, contribuiu para que as capacidades de Guilherme fossem estimuladas  e potencializadas o mais cedo possível. A mãe comenta ainda que Guilherme recebe tratamentos de vários profissionais (psicóloga, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional), reforçando o que já foi comentado aqui no blog anteriormente, sobre a importância da atuação de uma equipe multidisciplinar que estimule as habilidades particulares de cada pessoa que possui autismo.

      O relato de Aline sobre a dedicação exclusiva ao filho e a importância dos estímulos externos para que o seu desenvolvimento ocorra da melhor forma, nos lembra uma cena do filme que conta a história verídica da Temple Grandin, na cena ela diz que sempre foi estimulada pela mãe que a fazia praticar alguns exercícios linguísticos em casa e alguns trabalhos na casa da sua tia durante o período das férias. Temple diz que sempre foi tratada pela família como diferente, mas nunca como inferior. Essa forma de olhar é importante para que alguns esteriótipos ainda existentes na nossa sociedade sejam quebrados, melhorando assim, a qualidade de vida das pessoas portadoras de autismo.


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