A postagem de hoje será um pouco
diferente das anteriores. Hoje você poderá ter a oportunidade de se aproximar,
ainda que virtualmente, da história real de um menino que possui autismo. A entrevista a seguir foi realizada pelos
administradores do blog com Aline, a mãe de Guilherme. A nossa proposta é fazer com que o leitor possa
compreender melhor as maiores dificuldades que as mães e os familiares
enfrentam ao lidar cotidianamente com uma pessoa que possui autismo, além de
conhecer como o diagnóstico de Guilherme foi realizado, quais foram os
primeiros sintomas apresentados, os métodos e técnicas de intervenções
utilizadas e etc. Dessa maneira, você poderá fazer um link com os temas que
foram expostos por nós ao longo do blog e a história real de Aline e seu filho
Guilherme.
Guilherme e Aline - Fonte: Arquivo pessoal de Aline |
Entrevista
Nome e idade da mãe entrevistada:
Aline, 24 anos.
Nome e idade do filho: Guilherme, 5
anos.
1. Quando você notou os primeiros
sintomas? Que sintomas eram esses?
Aline: Com 1 ano, sacudia as mãos quando
assistia, atraso na fala, emitia sons tipo ‘um um’ com objetos redondos e não
gostava de pessoas.
2. Como e quando foi feito esse
diagnóstico?
Aline: Primeiro pela pediatra e
neurologista com 1 ano e 2 meses e só com 3 anos com a psiquiatra.
3. Você foi informada sobre o grau de
severidade?
Aline: Sim, grau light pelo pediatra do Imip.
4.
Quais
foram as medidas tomadas depois do diagnóstico? Algum tratamento específico?
Aline: Procurar tratamento, psicoterapia, fonoaudióloga e terapia
ocupacional.
5. Quais as dificuldades enfrentadas no
dia-a-dia da família?
Aline: Antes dele falar tinha
dificuldade em compreender o que ele queria.
6.
Seu
filho frequenta alguma escola ou instituição de ensino?
Aline: Sim.
7. É
um local adaptado para crianças com esse transtorno?
Aline: Não, mas tem inclusão.
8.
Foi
difícil procurar um local adequado?
Aline: Sim, muito.
9.
Você
percebe alguma melhora com os tratamentos? Se sim, com relação a que aspectos?
Como ele era antes do tratamento e como ele está hoje?
Aline: Sim, na fala, na interação com
outras pessoas. Não falava, não aceitava as pessoas (só eu e a avó
materna), não gostava de sair de casa, só queria tá assistindo, não brincava
nem só nem com outras crianças.
10. Em sua opinião, qual tratamento foi mais
eficaz?
Aline: Escola, psicoterapia e os estímulos
em casa.
11. O que você espera para o futuro do seu
filho?
Aline: Que estude, consiga chegar a uma
universidade, se forme, trabalhe e case mesmo com suas limitações.
12. Você gostaria de falar mais alguma
coisa?
Aline: Ele teve uma
grande evolução depois que me dediquei somente a ele, deixando de trabalhar
para ficar com ele. E não adianta só o tratamento clínico, o que mais ajuda é o
estimulo em casa e nunca excluir a criança. Pois frequento todos os lugares que
crianças "normais" frequentam e ele sabe o que fazer em cada um
desses lugares (praia, shopping, cinema, parque aquático, parque de diversões...).
Guilherme - Fonte: Arquivo pessoal de Aline |
Comentários:
Como
pode ser visto na entrevista, Guilherme apresentou desde cedo os sintomas clássicos
do autismo: comprometimento na fala, comportamentos estereotipados (“emitia sons tipo ‘um um’ com objetos redondos”) e possuía
dificuldades de interação social (“não aceitava
as pessoas”). Além disso, a mãe relata que o diagnóstico foi feito
precocemente (com 1 ano e 2 meses) o que, provavelmente, contribuiu para que as capacidades
de Guilherme fossem estimuladas e
potencializadas o mais cedo possível. A mãe comenta ainda que Guilherme recebe
tratamentos de vários profissionais (psicóloga, fonoaudióloga e terapeuta
ocupacional), reforçando o que já foi comentado aqui no blog
anteriormente, sobre a importância da atuação de uma
equipe multidisciplinar que estimule as habilidades particulares de cada pessoa
que possui autismo.
O relato de Aline sobre a dedicação exclusiva ao filho e a importância dos estímulos externos para que o seu desenvolvimento ocorra da melhor forma, nos lembra uma cena do filme que conta a história verídica da Temple Grandin, na cena ela diz que sempre foi estimulada pela mãe que a fazia praticar alguns exercícios linguísticos em casa e alguns trabalhos na casa da sua tia durante o período das férias. Temple diz que sempre foi tratada pela família como diferente, mas nunca como inferior. Essa forma de olhar é importante para que alguns esteriótipos ainda existentes na nossa sociedade sejam quebrados, melhorando assim, a qualidade de vida das pessoas portadoras de autismo.
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