13 de dezembro de 2013

“Temple Grandin” – O autismo através do tempo

O filme que será usado hoje para trazermos mais informações sobre o autismo foi lançado em 2010 e conta a história verídica de Temple Grandin. Diagnosticada com autismo aos 4 anos em 1951, época em que ainda não existiam estudos aprofundados sobre o transtorno, Temple foi dada quase como um "caso perdido" pelo médico procurado pela sua mãe. Indagado acerca dos possíveis tratamentos, o médico informa que Temple provavelmente nunca irá falar e que, na ausência de tratamentos existentes, o melhor a se fazer é optar pela internação.


O nome autismo foi mencionado pela primeira vez em 1911 por Bleuler para se referir a crianças com comportamentos que apresentavam rupturas com a realidade, os quais dificultavam ou impossibilitavam a comunicação. Já em 1943, Kanner usa a mesma definição com o nome de “Distúrbios Autísticos de Contato Afetivo” para descrever 11 crianças que tinham em comum a inabilidade em estabelecer contato afetivo e interpessoal. Um ano depois, Asperger, seguindo a mesma linha de pensamento de Kanner, passa a chamar essas características de ‘Psicopatia Autista’. O autismo continuou sendo visto como uma psicose precoce, aproximadamente, até a década de 70 (GADIA, TUCHMAN & ROTTA, 2004).
Nos anos 50 e 60 a sociedade compartilhava a ideia de que o autismo era causado por mães que não davam atenção e afeto necessários para o desenvolvimento normal da criança, essas mães eram conhecidas como “mães geladeiras” (BANDIM, 2010). No filme isso é bem claro, pois o diagnóstico de Temple foi dado exatamente no período em que essa teoria era usada pelos médicos e compartilhada pela sociedade em geral. Depois de fazer algumas perguntas sobre o brincar e sobre a linguagem de Temple, que aos quatro anos ainda não havia falado, o médico dá o diagnóstico, e diz que Temple tem “esquizofrenia infantil”, deixando claro o caráter psicótico do autismo na época. Além disso, o médico afirma que não há tratamento, que ela provavelmente nunca irá falar e que a melhor coisa a fazer é optar pela internação.


Há na psicologia a Teoria do Apego que aborda bem o papel da mãe/cuidador no processo de desenvolvimento da criança. Desde o nascimento, o bebê necessita de cuidados para a sua sobrevivência. Assim, aos olhos do cuidador, a criança tem a possibilidade de conhecer a realidade externa, explorar o ambiente e, ao perceber algo perigoso e/ou assustador, passa a buscar proximidade com o cuidador que a protege, dando-lhe a sensação de segurança e proteção. Esse cuidador em geral, mas não necessariamente, é a mãe. Barstad (2013) afirma que “se as relações de apego funcionam de forma ideal, o indivíduo aprende que a distância e a autonomia estão relacionadas com proximidade e confiança em outros (p. 16)”.
Mesmo diante da importância da relação mãe-bebê a teoria da “mãe geladeira” foi completamente abandonada e na década de 70, o pesquisador Ritvo abole o caráter psicótico do autismo, passando a considerá-lo um transtorno ligado ao desenvolvimento. A partir daí várias mudanças ocorreram no campo dos estudos sobre o autismo: a maioria dos centros terapêuticos abandonaram as terapias de orientação psicanalítica passando a adotar as perspectivas pedagógicas e comportamentais; os Manuais de Diagnóstico e Estatística (DSM) passam a se aprofundar no estudo definindo sintomas, formas de diagnóstico, características do portador do autismo; etc. Mais detalhes sobre essas características podem ser encontrados nas publicações que compõem esse blog.
            Outro aspecto importante do filme é referente à linguagem de Temple, que, assim como o personagem do filme “Adam” , possui uma compreensão concreta da linguagem, ou seja, ela tem dificuldades para entender ironias, metáforas e piadas. E isso se estende ao entendimento das expressões faciais das pessoas. Em uma passagem do filme, por exemplo, a tia de Temple diz que já é hora de dormir, pois na fazenda todos acordam com o galo, e isso levou Temple a imaginar todos no telhado acordando com um galo.


Pode ser vista também a grande capacidade cognitiva para a inteligência espacial e memória fotográfica que Temple possui; no filme ela afirma que pensa com imagens e que as conecta (o que pode ser observado em vários momentos do filme). Temple consegue fazer cálculos só de olhar, desenvolveu a “máquina de abraço” (baseando-se em uma máquina usada com o gado), reproduziu um experimento na faculdade e se colocou no lugar do gado para entender o que os faziam mugir tão alto.
Bandim (2013) afirma que muitas pessoas compartilham a ideia de que o autismo torna o portador inteligente, mas isso é feito de forma inadequada visto que não há autismo de alto funcionamento, o que existe são pessoas com alto funcionamento cognitivo portadoras de autismo, ou seja, alguns autistas possuem a inteligência preservada. Já outros podem possuir grande potencial em habilidades específicas e deficiência em outras áreas, esse é o caso da Temple que reproduz todo o conteúdo de uma página olhando só uma vez, mas ao mesmo tempo não consegue entender o que tais palavras querem dizer.
Quanto mais rápido o diagnóstico for realizado, melhor para o paciente. O ambiente destinado às crianças que possuem autismo deve ser otimizado, levando em consideração todas suas dificuldades sensoriais, motoras e verbais. 
Não concordando com o que foi dito pelos médicos, a mãe de Temple sempre buscou formas de socializar sua filha que variavam desde práticas de exercícios linguísticos em casa, colocando-a posteriormente na escola, até trabalhos prestados na fazenda da sua tia no período das férias. Temple foi para a faculdade e concluiu seu PhD em engenharia agropecuária, revolucionando a forma de manejo com o gado e quebrando alguns estereótipos da época. Temple diz que a família sempre a tratou como diferente, mas nunca como inferior.

Título Original: Temple Grandin
Direção: Mick Jackson
Ano: 2010
Duração: 107 minutos
Origem: Estados Unidos

Referências:
BANDIM, J. M. Autismo: Uma abordagem prática. Recife: Bagaço, 2011.

GADIA, C. A.; TUCHMAN, R.; ROTTA, N. T. Autismo e doenças invasivas de desenvolvimento. Jornal de Pediatria, v.80, n.2, p.83-94, 2004. 

BARSTAD, M. G. Do Berço ao Túmulo: A Teoria do Apego de John Bowlby e os estudos de apego em adultos, 2013. Disponível em: <http://www.institutoentrelacos.com/Teoria%20do%20apego%20-%20Mariana%20Bastard.pdf> Acessado em: 2013.

11 de dezembro de 2013

Diagnóstico do Autismo: DSM-IV x DSM-V

Há muito o que se falar sobre a mudança no diagnóstico do autismo, proposto pela Associação Psiquiátrica Americana (APA) em maio de 2013. Sua mais recente publicação, a quinta versão do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), apresenta alguns pontos de divergência em relação ao seu antecessor o DSM-IV de 1994. Alguns dos pontos que mais chamam a atenção são a nova nomenclatura e o fato de não existir mais um critério específico para Alterações na Linguagem.

Em relação à nomenclatura, ao invés de se falar em cinco tipos diferentes de transtornos, passa-se a usar apenas um, considerando seus diferentes graus. A mudança no nome está baseada em longos estudos, não considerando mais a presença de cinco transtornos dentro do Espectro Autista, mas de quatro dentro de um Transtorno do Espectro Autista (TEA). Tal mudança se justifica pela constatação de que é melhor a classificação por graus do que por rótulos, visto que muitos sintomas são semelhantes nas síndromes que o DSM-IV considerava como diferente. Essa mudança oferece mais segurança para o profissional fazer um diagnóstico do transtorno.




 A proposta do DSM-V está baseada em dois pontos:

 1. Comunicação Social e os Déficits - ponto que apresenta três características, das quais deve-se preencher todas pra que haja um diagnóstico positivo;

2. Comportamento fixo ou repetitivo - apresentando quatro características, das quais pelo menos duas devem estar presentes.




A Linguagem está intimamente ligada com as habilidades sociais, visto que os déficits de comunicação interferem no comportamento social. Além disso, os atrasos na Linguagem não estão presentes apenas no TEA e não é um fator obrigatório em todos os transtornos do espectro. Assim, a Linguagem, continua sendo contemplada, mas não de forma específica, estando implícita nas ideias de:

ü  Problemas de interação social ou emocional alternativo;
ü  Graves problemas para manter relações;
ü  Problemas de comunicação não verbal.

Apesar do número de critérios para o diagnóstico ter sido reduzido nessa nova versão do DSM, tornado-o mais específico, isso proporcionou mais segurança para o profissional na hora de afirmar se o paciente possui ou não autismo. O diagnóstico exige, contudo, uma escuta bastante atenta dos familiares e do histórico clínico do paciente, pois não há marcadores biológicos capazes de determinar a presença do TEA.
É importante ressaltar que a mudança nos critérios de diagnósticos ainda é muito recente e que, portanto, devemos esperar para ver como os profissionais, os portadores do transtorno e seus familiares reagiram à mudança.


Para mais informações:

Otimizando o ambiente para pessoas com Autismo

Como já foi mencionado aqui no blog, o autismo é caracterizado por dificuldade de interação social, comportamentos repetitivos e estereotipados e dificuldades na fala. “Grande parte dos pacientes autistas tem uma motricidade perturbada pela manifestação intermitente ou contínua de movimentos repetitivos complexos” (ALVES, 2009, p. 80). Tais movimentos podem incluir o bater palmas, balançar os braços ou o corpo, bater a cabeça, etc. Tais movimentos ocorrem independente do local onde a criança se encontra.
A fala, em grande parte das pessoas com autismo, apresenta comprometimentos. Além da incapacidade de se comunicar, alguns indivíduos com o transtorno podem apresentar ecolalia (repetição do que foi dito), uso de frases estereotipadas, inversão pronominal (falar de si em terceira pessoa) ou não apresentar nenhum tipo de comunicação verbal (ALVES, 2009).
Além desses comprometimentos comportamentais e da fala, os autistas apresentam dificuldades na interação social. É importante lembrar que tanto esse como os outros sintomas podem varias de intensidade dependendo do grau do transtorno.
Fora esses sintomas, alguns outros fatores podem comprometer o aprendizado e o dia a dia de uma pessoa com autismo, especialmente em crianças em idade escolar. “A distração, as dificuldades organizacionais, a dificuldade em sequenciar, a falta de capacidade em generalizar, a dificuldade de comunicação e os comportamentos repetitivos e estereotipados dificultam a educação de indivíduos com Autismo infantil” (ALVES, 2009, p. 80).
                Um ambiente otimizado para atender pessoas com autismo deve levar em conta todas essas dificuldades, facilitando a comunicação e a interação social e oferecendo o aparato necessário para o aprendizado de diversas habilidades. Segundo o blog "Inspirados pelo Autismo", uma forma de tornar o ambiente mais confortável para indivíduos com autismo é simplificá-lo, diminuindo a quantidade de estímulos: “Quanto mais conseguirmos simplificar o ambiente sensorial de uma criança, mais fácil será para ela focar em interações sociais e no aprendizado de novas habilidades” (INSPIRADOS PELO AUTISMO, 2013). Dessa forma, paredes neutras e um ambiente silencioso podem ajudar, a mobília desnecessária deve ser retirada e todo resto deve ser seguro e resistente. Além disso, um espelho grande que vá do chão ao teto pode ser um aliado: “A principal função do espelho no quarto é estimular e facilitar o contato visual indireto com a criança. O espelho também contribui para o aprendizado de consciência corporal da criança” (INSPIRADOS PELO AUTISMO, 2013).



Além da estrutura do ambiente, algumas atitudes podem contribuir para facilitar o dia a dia dos indivíduos que apresentam esse transtorno. “Estabelecer uma rotina em locais que atendem autistas é uma das estratégias que podem colaborar para a redução dos níveis de angústia, ansiedade e dos distúrbios de comportamento dessas pessoas” (ALVES, 2009, p. 84). Assim, um quadro de atividades pode ajudar essas pessoas a se sentirem seguras e a compreender o que deve ser feito durante o dia a dia: “Quadros de rotinas visuais afixados na parede podem informar claramente a sequência prevista e ajudar a pessoa a sentir-se segura diante das transições de atividades e ambientes” (INSPIRADOS PELO AUTISMO, 2013).
É importante destacar que cada indivíduo com autismo tem sua singularidade, conhecer suas dificuldades e interesses é importante para que se planeje um ambiente que estimule seu desenvolvimento.
O vídeo abaixo traz algumas informações interessantes sobre a preparação do ambiente para receber crianças autistas, tanto do ponto de vista de uma arquiteta como de mães de crianças autistas. O vídeo é uma reportagem do programa “Imóvel e Construção” da TV Meio Norte (emissora de televisão do Maranhão). 


                Na cidade de Sonoma, California nos Estados Unidos os arquitetos do Leddy Maytum Stacy Architects desenvolveram o projeto Spectrum Sweetwatere construíram uma mini cidade específica para atender às necessidades dos portadores de autismo. O projeto foi criado para que adultos com a síndrome pudessem desenvolver o senso de comunidade e pertencimento em um ambiente totalmente planejado para lidar com as suas dificuldades. Todo ambiente foi pensado para minimizar a quantidade de estímulos, com estruturas simples e previsíveis. Além disso, todos os membros tem total autonomia para fazer suas escolhas, são orientados a desenvolver relacionamentos com sua família e vizinhos e podem escolher entre diferentes atividades como clubes, grupos religiosos, cursos e eventos.



Referências

ALVES, S. G. A estruturação do ambiente para a pessoa com autismo: Um relato de experiência. Pedagogia em ação, v. 1, n. 2, p.79-86, ago/nov. 2009. Disponível em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/pedagogiacao/article/view/1085/1118>. Acessado em: Dezembro de 2013.


INSPIRADOS PELO AUTISMO. Criando um ambiente físico otimizado para pessoas com autismo, 2013. Disponível em: <http://www.inspiradospeloautismo.com.br/a-abordagem/a-criacao-do-ambiente-fisico-otimizado-para-autismo/#.UqOn1PRDuss>. Acessado em: Dezembro de 2013.

9 de dezembro de 2013

A visão da Síndrome de Asperger pelo filme "Adam"

      Adam” é um filme de 2009 que retrata a história de um portador da Síndrome de Asperger, (interpretado por Hugh Dancy) que acaba de perder o pai. Paralelamente, ele começa a desenvolver um relacionamento com sua vizinha, Beth (Rose Byrne) e junto com ela, nós os espectadores também aprendemos um pouco mais sobre a síndrome.


                         
O filme trata o Asperger de forma até bem didática, pois o próprio Adam tem consciência de que possui a Síndrome, e explica em diversos momentos do filme como a sua percepção do mundo é diferente das outras pessoas. De acordo com Nicolau, a Síndrome de Asperger faz parte do espectro autista e é caracterizada por déficits de interação social e padrões de comportamento restritos e estereotipados, porém não há atrasos significativos na linguagem e no desenvolvimento cognitivo dos portadores.     
         No entanto, mesmo não apresentando deficiências estruturais na linguagem, as pessoas com Asperger podem por vezes ter uma compreensão verbal muito concreta, ou seja, elas demonstram dificuldades nos significados literais e implícitos, na prosódia (ou seja, a entonação), na manutenção de diálogos, no entendimento de trocadilhos, entre outros. As dificuldades dessas pessoas estão relacionadas, segundo Roballo (2001), a linguagem que se denomina pragmática e social, como pode ser visto em alguns diálogos no filme “Adam”:

Beth: “Como vai a procura por trabalho?”
Adam: “Muitos já foram ocupados. Ainda estou recebendo respostas”
Beth: "Tenho certeza de que vai achar o emprego certo”
Adam: “Como pode ter certeza disso”?
Beth: “Quer dizer, espero que ache o emprego certo”.
--------------
Adam (em uma festa): “Comprar um telescópio é uma decisão complicada. Deve focar em seus interesses”
Mulher: “Sem trocadilhos”
Adam: “O quê”?
Mulher: “Foco”?
Adam: “Ah, certo”.

“As pessoas com Síndrome de Asperger geralmente têm elevadas habilidades cognitivas - pelo menos Q.I. normal, às vezes indo até às faixas mais altas (TEIXEIRA, p.02). No entanto, mesmo com boas condições intelectuais, é possível perceber uma grande dificuldade em interpretar e aprender as capacidades da interação social e emocional com os outros. Também há dificuldade em atribuir estados intencionais e predizer o comportamento das pessoas.
       Uma das teorias da psicologia que se preocupa com a explicação desses fenômenos é a teoria da mente. Esta teoria observa que as pessoas possuem uma capacidade de inferir sobre os próprios estados mentais e os das outras pessoas. No caso do autismo, ocorre um déficit nessa capacidade, e de acordo com estudos citados por Almeida (2010), utilizando neuroimagem funcional, o córtex frontal parece estar relacionado a esta habilidade. Outros estudos também apontam a participação de neurônios-espelho nesse funcionamento cognitivo, pois eles permitem “não apenas a compreensão direta das ações dos outros, mas também das suas intenções, o significado social de seu comportamento e das suas emoções” (LAMEIRA, GAWRYSZEWSK E JUNIOR, 2006).
Por causa desse déficit, pode-se perceber nos autistas certa falta de capacidade de “atribuir estados mentais — desejos, crenças, emoções, intenções, sentimentos, atitudes, pontos de vista — a outros e a si mesmos, e de perceber e predizer comportamentos relativamente a esses mesmos estados” (PACHECO, 2012). 
Adam comenta durante o filme que possui “cegueira mental” desde criança e por isso não consegue entender o ponto de vista e os sentimentos das outras pessoas. Quando ficou mais velho, teve que aprender a perguntar o que os outros estão pensando para melhor compreendê-los.
De acordo com Furtado (2009), é possível aprender a interpretar expressões não-verbais, emoções e interações sociais pelas pessoas que possuem a Síndrome de Asperger e isso melhora suas interações sociais e aproximações com os outros. Em uma das primeiras cenas do filme, Beth passa por Adam carregando um carrinho de compras pesado e nota-se a falta de capacidade de Adam de perceber que ela estava precisando de ajuda. Isso é superado ao longo do filme, quando em uma das últimas cenas, ele ajuda uma mulher a carregar suas coisas, sem que ela pedisse seu auxílio.
Uma das características da Síndrome de Asperger de acordo com Teixeira é:

A sua peculiar idiossincrática área de “interesse especial”. Quando as crianças entram para a escola, ou mesmo antes, elas mostrarão interesse obsessivo numa determinada área como a matemática, aspectos de ciência, leitura (alguns têm histórico de hipelexia – leitura rotineira em idade precoce) ou algum aspecto de história ou geografia, querendo aprender tudo quanto for possível sobre o objecto e tendendo a insistir nisso em conversas e jogos livres (p.06).

Adam tem um particular interesse em temáticas relativas ao espaço, sendo este um dos assuntos mais falados por ele durante o filme. Ele tem inclusive uma roupa de astronauta e um planetário dentro de sua casa, além de muito conhecimento sobre o tema, o que o leva a trabalhar em um observatório.
                                  


            De acordo com estudos, se comparados a outras formas de autismo, as crianças com o Asperger são mais aptas a crescer e serem mais independentes quanto a família, casamento, emprego, entre outros. “Os adultos tornam-se muito talentosos em suas áreas de interesse, e podem assim até ocupá-los na área de sua profissão” (FURTADO, 2009, p.34).


Trailer do filme:




Título Original: Adam
Direção: Max Myer
Ano: 2009
Duração: 99 minutos
Origem: Estados Unidos


REFERÊNCIAS

ALMEIDA, A. Avaliação neuropsicológica de crianças e adolescentes com Autismo e outros Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, 2010. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/36999/000788262.pdf?sequence=1> Acessado em: 2013

FURTADO, S. R. M. M. Síndrome de Asperger: perspectivas no desenvolvimento. Disponível em: <http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/000041/000041D3.pdf> Acessado em: 2013.

LAMEIRA, A.P; GAWRYSZEWSK, L. G; JUNIOR, A. P. Neurônios Espelho, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pusp/v17n4/v17n4a07.pdf> Acessado em: 2013.

NICOLAU, P. F. M. Psiquiatria geral. Disponível em: <http://www.psiquiatriageral.com.br/dsm4/sub_index.htm> Acessado em: 2013.

PACHECO, A. F. Teorias Neuropsicológicas: Relação com a Comunicação e a Linguagem no Autismo, 2012. Disponível em: <http://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3818/1/%28Pacheco%2c%20AF%29%20Teorias%20neuropsicol%C3%B3gicas%20-%20Rela%C3%A7%C3%A3o%20com%20a%20comu.pdf> Acessado em: 2013.

ROBALLO, S. O outro lado da síndrome de Asperger, 2001. Disponível em: <http://www.ucb.br/sites/100/165/TeseseDissertacoes/OoutroladodasindromedeAsperger.pdf> Acessado em: 2013.

TEIXEIRA, P. Síndrome de Asperger. Disponível em: <http://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0254.pdf> Acessado em: 2013.

6 de dezembro de 2013

Abordagens Terapêuticas

Na publicação anterior, falamos sobre o uso de aplicativos tecnológicos como recurso para facilitar a comunicação de autistas não verbais.  Hoje, contudo, procuraremos fornecer informações a respeito de outras abordagens e técnicas terapêuticas como forma de tratamento para pessoas que possuem autismo.
Primeiramente, é importante deixar claro que o tratamento do autismo requer a atenção de uma equipe multidisciplinar. Em outras palavras, diversas especialidades como psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, médicos, fisioterapeutas e etc, atuarão juntos estimulando as habilidades particulares de cada criança, adolescente ou adulto que possui esse transtorno.
 A partir disso, podemos destacar três níveis de intervenção que são igualmente importantes para a o progresso do tratamento como um todo:

·        Orientação e suporte familiar

·        Tratamento medicamentoso

·         Programas especializados

ORIENTAÇÃO E SUPORTE FAMILIAR
            Bandim (2011) nos diz que ao saber do diagnóstico de autismo, muitos pais reagem a essa notícia de forma desesperada, sentindo-se desamparados e inseguros a respeito do futuro de seu filho ou filha. É possível que surjam em alguns desses pais sintomas depressivos e ansiosos; daí encontra-se a necessidade de, nessas circunstancias, aconselhá-los em um tratamento psicoterápico.  
Muitas perguntas surgem a respeito do que é a doença, sobre o prognóstico, acerca de como lidar no dia-dia com essa situação e etc. Apesar da crescente exposição da mídia sobre o tema (em evidência atualmente devido à novela “Amor à vida”, da rede Globo), ainda há muita desinformação e preconceito sobre o autismo, sendo preciso, portanto, orientar essas famílias e todas as pessoas envolvidas.


Devemos enfatizar que o diagnóstico e o tratamento visam a possibilidade de um desenvolvimento mais saudável para a criança, resultando também na melhoria de sua qualidade de vida (BANDIM, 2011, p. 62).




TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
Atualmente não existe nenhuma medicação especifica que cure o transtorno. Na verdade o uso de medicamentos em pessoas que possuem autismo é utilizado como forma de melhorar alguns dos sintomas, como por exemplo: “hiperatividade, comportamentos auto e heteroagressivos, impulsividade, desatenção, comportamentos estereotipados, alterações do humor, ansiedade como sintoma disfuncional ou transtorno e hiperatividade ao contato pessoal” (BANDIM, 2011, p. 65).
Bandim (2011) afirma que a intervenção farmacológica realizada sob orientação profissional do médico deverá seguir alguns procedimentos:

- O médico precisará explicar primeiramente o motivo pelo qual um determinado medicamento está sendo receitado, alertando os familiares sobre as vantagens de sua utilização e possíveis efeitos colaterais;

- O médico deverá fazer uma avaliação clínica e se for necessário solicitar exames;

- Estipular um tempo de tratamento;

- No inicio do tratamento é preferível que se comece com uma dosagem pequena da medicação, para ir ajustando progressivamente, de acordo com as particularidades de cada um.

PROGRAMAS ESPECIALIZADOS 
Gardia, Tuchaman e Rotta (2004), reafirmam o que foi dito anteriormente:

O manejo de autistas requer uma intervenção multidisciplinar. As bases do tratamento envolvem técnicas de mudança de comportamento, programas educacionais ou de trabalho e terapias de linguagem/comunicação (p. 89).

Essas técnicas podem ser aplicadas tanto em contextos escolares e centros especializados, como também na própria casa da criança. É imprescindível que os profissionais envolvidos façam uma avaliação de cada caso, com o intuito de averiguar quais habilidades estão comprometidas e quais são as melhores ferramentas de intervenção.

Alguns exemplos de intervenções ou programas especializados são:

· TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handcapped Children). Essa técnica visa:
- Desenvolver as potencialidades de cada pessoa que possui autismo, levando em consideração a sua idade;
-  Promover independência;
-  Integrar a família no processo terapêutico.

Assista:


·  ABA (Applied Behavior Analysis) é uma intervenção baseada na teoria behaviorista e visa:
- Ensinar de forma intensa determinadas habilidades necessárias para que a criança, adolescente ou adulto se torne mais autônomo possível. Algumas dessas habilidades são: Contato visual, comunicação funcional, atividades escolares (leitura, escrita e matemática), autohigiene e autocuidado. 


Assista:



·   PECS (Picture Exchange Communication System) visa primordialmente:
-  Fornecer para os autistas não verbais uma ferramenta acessível capaz de comunicar o que deseja, incomoda e etc;
-  Fornecer também para os autistas que não possuem problemas severos de comunicação uma forma de organizarem sua linguagem verbal.


· Terapia Sensorial - ajuda a melhorar a consciência sensorial e suas respostas  diante desses estímulos.

· O computador - se mostra como uma ferramenta importante para o aprendizado da habilidade escrita para aqueles que não conseguiram se adequar aos métodos tradicionais.


Para finalizar gostaríamos de destacar que a maioria dessas intervenções não são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tornando-se muitas vezes inviável para realidade de muitas famílias brasileiras. A ABA, por exemplo, é um tratamento caro e existem poucos profissionais capacitados para atender a demanda da sociedade. Contudo, existem associações em Recife como a APAE e CPPL que oferecem suporte gratuito as crianças, adolescentes e adultos que possuem autismo..

Para mais informações:

Referências:
BANDIM, J. M. Autismo: Uma abordagem prática. Recife: Bagaço, 2011.
GADIA, C. A.; TUCHMAN, R.; ROTTA, N. T. Autismo e doenças invasivas de desenvolvimento. Jornal de Pediatria, v.80, n.2, p.83-94, 2004. 

Outros sites: