Sobre o Autismo

O QUE É O AUTISMO?

O autismo, que faz parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA), é uma disfunção global do desenvolvimento caracterizado por dificuldades significativas na interação social e na comunicação, que se expressam através de padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados (FUENTES et al., 2008).

SINTOMAS

Os sintomas do autismo podem estar presentes antes do 36° mês de vida e se manifestam de diversas formas (DSM-IV-TR, 2002). Apesar disso, o autismo possui três caraterísticas principais:
1.    Falta de habilidade para interagir socialmente;
2.     Padrão restritivo e repetitivo do comportamento;
3.    Dificuldade no domínio da linguagem, tanto para se comunicar quanto para lidar com jogos simbólicos.
Os portadores de autismo possuem uma inabilidade no relacionamento interpessoal, que pode variar de acordo com o grau da síndrome. No geral, é possível observar dificuldades em relação a espontaneidade, a imitação, no estabelecimento do contato com os olhos e na formação de vínculos com semelhantes, o que evidencia falta de reciprocidade social e emocional. Outra característica sintomática é o atraso na aquisição da fala ou seu uso indevido, que pode ser percebido pelo uso repetitivo e estereotipado da linguagem, pela fala sobre si na terceira pessoa, e pela dificuldade de começar e continuar uma conversação (SCHMIDT & BOSA, 2003).
Em relação aos padrões comportamentais, observa-se um conjunto de ações também repetitivos, como balançar a mão ou balançar-se; comportamentos agressivos que podem ser voltados a si ou aos outros; e uma enorme dificuldade em sair da rotina e de se adaptar a novos ambientes (SCHMIDT & BOSA, 2003).

OS DIFERENTES GRAUS DO AUTISMO


O autismo se apresenta de diferentes formas, por isso, é mais apropriado falar em espectro autista para caracterizar as diferentes manifestações desse transtorno.
De acordo com o site da organização Autismo e Realidade, “nos manuais de classificação esses quadros estão localizados dentro do capítulo dos transtornos globais do desenvolvimento (TGD), que inclui além dos TEA, a síndrome de Rett e o transtorno desintegrativo”.
No CID-10, por exemplo, fazem parte dos Transtornos Globais do Desenvolvimento: o autismo infantil;  autismo atípico; síndrome de Rett; outros transtornos desintegrativos da infância; transtorno com hipercinesia associada a retardo mental e a movimentos estereotipados; síndrome de Asperger;  outros transtornos globais do desenvolvimento e transtornos globais não especificados do desenvolvimento.
O grau de comprometimento das funções sociais, do comportamento e da linguagem pode variar entre as formas mais leves e as mais severas do transtorno. 
Na forma mais leve de manifestação, encontramos pessoas que apresentam apenas traços do autismo. Outra forma de apresentação do transtorno é a síndrome de Asperger, na qual não há comprometimentos na fala, no entanto, existem dificuldades em estabelecer interações sociais e em manter conversações. Além disso, há o autismo em pessoas que apresentam habilidades cognitivas normais. Nesses casos, há prejuízos no desenvolvimento da fala, dificuldades comportamentais e de interação social.
A forma de manifestação mais grave do transtorno é conhecida como autismo clássico com retardo mental associado. Além do comprometimento cognitivo, as pessoas com essa forma do transtorno apresentam dificuldades sérias nas relações sociais e na comunicação, exibindo também comportamentos repetitivos e estereotipados.
            
DIAGNÓSTICO

         O Transtorno do Espectro Autista (TEA) como é descrito no DSM-V, tem seu diagnóstico clínico baseado na anamnese, na observação direta e no relato de familiares. Não pode ser diagnosticado por um marcador biológico, mas exames laboratoriais devem ser realizados para maiores esclarecimento e para a análise de possíveis doenças associadas.
Existem dois eixos principais para o diagnóstico, segundo o DSM-V:

1.    Comunicação social e os déficits:
 Deve apresentar estes três déficits:
- Problemas de interação social ou emocional alternativo;
- Graves problemas para manter relações sociais;
- Problemas de comunicação não-verbal.

2.    Comportamentos fixos ou repetitivos.
Deve apresentar ao menos dois comportamentos:
- Apego extremo a rotinas e padrões, além de resistência a mudanças;
- Fala ou movimentos repetitivos 
- Interesses intensos e restritivos;
- Dificuldade em integrar informação sensorial ou evitar estímulos sensórios.

É importante ressaltar que ocorreram algumas alterações em relação aos critérios de diagnóstico do autismo na nova versão do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) publicada recentemente, em comparação a sua versão anterior, o DSM- IV.
Na versão antiga do manual, os critérios diagnósticos são divididos em três pontos principais:

1. Marcante lesão na interação social;
2. Marcante lesão na comunicação;
3. Padrões restritos e estereotipados de comportamento.

Para mais informações acesse a nossa publicação sobre "Diagnóstico do Autismo: DSM-IV x DSM-V".

TRATAMENTO
Hoje em dia, o uso de medicamentos, não constitui o método mais eficiente para o tratamento do autismo. A medicação só é indicada quando existe alguma comorbidade neurológica e/ou psiquiátrica associada e/ou quando os sintomas interferem no cotidiano. Mas vale ressaltar que até o momento  não existe uma medicação específica para o tratamento de autismo.
Outras abordagens que envolvem a atuação de uma equipe multidisciplinar se mostram eficazes em proporcionar maior independência e qualidade de vida para os portadores desse transtorno. A equipe multidisciplinar buscará desenvolver programas de intervenção que satisfaça as necessidades particulares de cada indivíduo. Segundo Amorin (2011), os métodos de intervenções mais conhecidos e que possuem comprovação científica são:
1. TEACCHR (Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handcapped Children): é um programa estruturado que combina diferentes materiais visuais para organizar o ambiente físico através de rotinas e sistemas de trabalho, de forma a tornar o ambiente mais compreensível, esse método visa à independência e o aprendizado.
2. PECSR (Picture Exchange Communication System) é um método de comunicação alternativa através de troca  de figuras, é uma ferramenta valiosa tanto na vida das pessoas com autismo que não desenvolvem a linguagem falada quanto na vida daquelas que apresentam dificuldades ou limitações na fala.
3. ABA (Applied Behavior Analysis) ou seja, análise comportamental aplicada que se embasa na aplicação dos princípios fundamentais da teoria do aprendizado baseado no condicionamento operante e reforçadores para incrementar comportamentos socialmente significativos, reduzir comportamentos indesejáveis  e desenvolver habilidades. Há várias técnicas e estratégias de ensino e tratamento comportamentais associados à análise do comportamento aplicada que tem se mostrado útil no contexto da intervenção incluindo (a) tentativas discretas, (b) análise de tarefas, (d) ensino incidental, (e) análise funcional.

REFERÊNCIAS

AMORIN, L. C. D. Tratamento, 2011. Disponível em: <http://ama.org.br/site/pt/tratamento.html>. Acessado em: Novembro de 2013.

Autismo e Realidade (Organização). O que é Autismo? Disponível em: <http://autismoerealidade.org/informe-se/sobre-o-autismo/o-que-e-autismo/>. Acessado em: Novembro de 2013. 

FUENTES, D., et al. Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2008. 

VARELA, D. Autismo. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/crianca-2/autismo/>. Acessado em: Novembro de 2013.

SCHMIDT, C.; BOSA, C. A investigação do impacto do autismo na família: Revisão crítica da literatura e proposta de um novo modelo Interação em Psicologia, Rio Grande do Sul, v. 7, n. 2, p. 111-120, 2003.







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