Não é novidade para ninguém que vivemos atualmente em um
período de intensas modificações e desenvolvimento tecnológico. Na área da
saúde, esse avanço tecnológico tem possibilitado o surgimento de novos
instrumentos que auxiliam tanto no diagnóstico quanto no tratamento de diversas
doenças. O neurofeedback é uma dessas inovações tecnológicas que, apesar de não
ser muito conhecida, constitui uma ferramenta promissora para minimizar alguns
dos sintomas de várias desordens neurológicas, psiquiátricas, psicológicas e do
desenvolvimento, incluindo o autismo.
Mas
afinal, o que é neurofeedback?
Antes
de discutirmos sobre o que é o neurofeedback em si, é importante deixar claro
que o funcionamento do cérebro ocorre por meio de pequenas descargas elétricas
entre células nervosas, denominadas neurônios. Essas descargas elétricas dão
origem a ondas cerebrais e influenciam o nosso comportamento e orientação no
mundo.
Dito isto, o neurofeedback é uma técnica não invasiva que
busca, por meio do treinamento, reestabelecer um equilíbrio dos padrões de
ondas cerebrais e promover mudanças no modo de funcionamento do organismo (DIAS,
2010). Em outras palavras, essa técnica
permite, além de detectar a atividade elétrica do cérebro, regular os padrões de
onda que estão alterados e promover mudanças comportamentais através do
treinamento direto do cérebro..
Como
funciona?
Fonte:
http://autism-nutrition.com/autism-neurofeedback-training
O neurofeedback funciona da seguinte forma: eletrodos são
colocados em lugares específicos do couro cabeludo do paciente, o que permite
detectar a atividade elétrica do cérebro que pode ser visualizada na tela de um
computador em tempo real. O profissional então treinará a pessoa, através de
jogos computacionais ou de videogames, por exemplo, a aumentar ou a diminuir a
produção de ondas cerebrais onde o eletrodo está fixado, promovendo assim,
alterações comportamentais e emocionais.
Assim
que uma criança aprende a controlar e a melhorar os padrões de ondas cerebrais,
as pontuações dos jogos aumentam e o sucesso [nessa atividade] ocorre. A única maneira da criança obter sucesso
nos jogos é melhorar as suas funções de ondas cerebrais (COBEN, LINDEN E MYERS,
2009, p. 92. Livre tradução).
Neto (2012) acrescenta que o que está sendo treinado, na
verdade, no caso do neurofeedback é o funcionamento das conexões que ocorrem
entre os neurônios. Essas conexões podem ser alteradas devido à capacidade que
o nosso cérebro possui em realizar modificações adaptativas. “Essa dinâmica que
se caracteriza por reorganizações e mudanças no cérebro, devidas às
experiências ou lesões, é conhecida por plasticidade cerebral ou
neuroplasticidade” (GAZZANIGA & HEATHERTON, 2005. In NETO, 2012, p. 265).
Indicações
Segundo o site das psicólogas Flávia Muratori e TâniaMuratori,
a terapia do neurofeedback pode ser utilizada nos seguintes casos:
|
Neurofeedback
e autismo
Coben, Linden e Myres (2009), afirmam que através do
neurofeedback as pessoas aprendem a inibir padrões de ondas cerebrais que são
produzidas de forma excessiva (gerando efeitos negativos), diminuindo ou
aumentando essas frequências alteradas (produzindo efeitos positivos). Esses
efeitos negativos estão relacionados aos sintomas presentes nos diversos
problemas neurológicos, psiquiátricos, psicológicos e do desenvolvimento. Os
efeitos positivos, por outro lado, dizem respeito à sensação de bem-estar
decorrentes da minimização dos sintomas. No caso do autismo especificamente,
estudos apontam que o uso dessa tecnologia podem melhorar alguns dos sintomas.
Alguns estudos:
- Revisão da literatura feita por Coben, Linden e Myres (2009) – estudos realizados entre 1995 a 2005 com pacientes autistas indicam melhora nas habilidades atentivas, no comportamento motor, impulsividade, na socialização, comunicação, desempenho acadêmico/escolar e etc. (Livre tradução).
- Thompson, Thompson e Reid (2009) – O estudo realizado com pessoas que possuem a Síndrome de Asperger demostrou que o neurofeedback produz efeitos positivos, na medida em que ajudam a diminuir os sintomas de dificuldade de atenção e ansiedade, além de melhorar habilidades acadêmicas, intelectuais e sociais. (Livre tradução).
- Sichel, Fehmi e Goldstein (1995) - Esse estudo de caso realizado com um menino autista de oito anos revelou que após várias sessões de neurofeedback, o mesmo demonstrou melhoras significativas na comunicação (apesar de sua verbalização continuar limitada); passou a expressar mais afeição e estabelecer contato visual; passou a atentar e reagir à presença dos outros; apresentou melhoras no sono; diminuição dos sintomas de ansiedade, dos comportamentos estereotipados e dores de cabeça. Ele também passou a participar mais de brincadeiras que usavam a imaginação. (Livre tradução).
É importante ressaltar que, apesar desses estudos
apontarem os possíveis efeitos positivos trazidos pelo uso do neurofeedback,
eles não são conclusivos. É necessário que sejam realizadas novas
investigações, principalmente na população brasileira, visto que a maioria das
publicações sobre o assunto foram produzidas fora do Brasil. Contudo, não restam
dúvidas de que o uso desta tecnologia constitui um campo promissor para o
tratamento de alguns dos sintomas do autismo.
Referências:
COBEN, R.; LINDEN, M.;
MYERS, T. E. Neurofeedback for Autistic
Spectrum Disorder: A
Review of the Literature. Appl Psychophysiol Biofeedback, Spring,
2009.
DIAS, A. M. Tendências de
neurofeedback em psicologia: revisão sistemática. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 15, n. 4, p. 811-820, 2010.
MURATORI, F; MURATORI, T. O que é Neurofeedback? Disponível e: <http://psiconeuro.wordpress.com/o-que-e-neurofeedback/>. Acessado em:
fevereiro de 2014.
NETO, J. D. O
Neurofeedback como Recurso Neuropsicoterápico para o Transtorno do Déficit de
Atenção com ou sem Hiperatividade e Impulsividade. Revista FSA – Teresina, n° 9, 2012.
SICHEL, A. C.; FEHMI, L. G.;
GOLDSTEIN, D. M. Positive
Outcome with Neurofeedback Treatment in a Case of Mild Autism. Journal of
Neurotherapy, 1995.
THOMPSON, L.; THOMPSON, M.; REID, A. Neurofeedback
Outcomes in Clients with Asperger’s Syndrome. Appl Psychophysiol
Biofeedback, Spring, 2009.
A apresentação sobre neurofeedback foi muito bem feita, mas vcs sinalizaram que os estudos não são conclusivos. Em relação a que? Quem não confere esta condição aos estudos? As informações são bem feitas e geram credibilidade, mas este comentário quebra um pouco a confiança na informação. Se forem mais precisas, acho que ajuda a saber o que merece mais cautela por parte do leitor. E, Claro, não esqueçam das fontes. Abs
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