Na publicação anterior, falamos sobre
o uso de aplicativos tecnológicos como recurso para facilitar a comunicação de
autistas não verbais. Hoje, contudo,
procuraremos fornecer informações a respeito de outras abordagens e técnicas
terapêuticas como forma de tratamento para pessoas que possuem autismo.
Primeiramente, é importante deixar
claro que o tratamento do autismo requer a atenção de uma equipe
multidisciplinar. Em outras palavras, diversas especialidades como psicólogos,
psicopedagogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, médicos,
fisioterapeutas e etc, atuarão juntos estimulando as habilidades particulares
de cada criança, adolescente ou adulto que possui esse transtorno.
· Orientação e suporte familiar
· Tratamento medicamentoso
· Programas
especializados
ORIENTAÇÃO E SUPORTE FAMILIAR
Bandim (2011)
nos diz que ao saber do diagnóstico de autismo, muitos pais reagem a essa
notícia de forma desesperada, sentindo-se desamparados e inseguros a respeito
do futuro de seu filho ou filha. É possível que surjam em alguns desses pais sintomas
depressivos e ansiosos; daí encontra-se a necessidade de, nessas
circunstancias, aconselhá-los em um tratamento psicoterápico.
Muitas perguntas surgem a respeito do
que é a doença, sobre o prognóstico, acerca de como lidar no dia-dia com essa
situação e etc. Apesar da crescente exposição da mídia sobre o tema (em
evidência atualmente devido à novela “Amor à vida”, da rede Globo), ainda há
muita desinformação e preconceito sobre o autismo, sendo preciso, portanto,
orientar essas famílias e todas as pessoas envolvidas.
Devemos
enfatizar que o diagnóstico e o tratamento visam a possibilidade de um
desenvolvimento mais saudável para a criança, resultando também na melhoria de
sua qualidade de vida (BANDIM, 2011, p. 62).
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
Atualmente não
existe nenhuma medicação especifica que cure o transtorno. Na
verdade o uso de medicamentos em pessoas que possuem autismo é utilizado como
forma de melhorar alguns dos sintomas, como por exemplo: “hiperatividade, comportamentos
auto e heteroagressivos, impulsividade,
desatenção, comportamentos estereotipados, alterações
do humor, ansiedade como sintoma disfuncional ou
transtorno e hiperatividade ao contato pessoal” (BANDIM, 2011, p. 65).
Bandim (2011)
afirma que a intervenção farmacológica realizada sob orientação profissional do
médico deverá seguir alguns procedimentos:
- O médico precisará explicar primeiramente o motivo pelo
qual um determinado medicamento está sendo receitado, alertando os familiares
sobre as vantagens de sua utilização e possíveis efeitos colaterais;
- O médico deverá fazer uma avaliação clínica e se for
necessário solicitar exames;
- Estipular um
tempo de tratamento;
- No inicio do tratamento é preferível que se comece com
uma dosagem pequena da medicação, para ir ajustando progressivamente, de acordo
com as particularidades de cada um.
PROGRAMAS ESPECIALIZADOS
Assista:
Gardia, Tuchaman
e Rotta (2004), reafirmam o que foi dito anteriormente:
O manejo de autistas requer uma intervenção
multidisciplinar. As bases do tratamento envolvem técnicas de mudança de
comportamento, programas educacionais ou de trabalho e terapias de
linguagem/comunicação (p. 89).
Essas técnicas
podem ser aplicadas tanto em contextos escolares e centros especializados, como
também na própria casa da criança. É imprescindível que os profissionais
envolvidos façam uma avaliação de cada caso, com o intuito de averiguar quais
habilidades estão comprometidas e quais são as melhores ferramentas de
intervenção.
Alguns exemplos
de intervenções ou programas especializados são:
· TEACCH (Treatment and Education of
Autistic and Related Communication Handcapped Children). Essa técnica visa:
- Desenvolver as potencialidades de cada pessoa que possui
autismo, levando em consideração a sua idade;
- Promover independência;
- Integrar a família no processo terapêutico.
· ABA (Applied Behavior Analysis) é uma intervenção baseada na teoria
behaviorista e visa:
- Ensinar de forma intensa determinadas habilidades
necessárias para que a criança, adolescente ou adulto se torne mais autônomo
possível. Algumas dessas habilidades são: Contato visual, comunicação
funcional, atividades escolares (leitura, escrita e matemática), autohigiene e
autocuidado.
Assista:
· PECS
(Picture Exchange Communication System) visa primordialmente:
- Fornecer para os autistas não verbais uma ferramenta
acessível capaz de comunicar o que deseja, incomoda e etc;
- Fornecer também para os autistas que não possuem problemas
severos de comunicação uma forma de organizarem sua linguagem verbal.
· Terapia Sensorial -
ajuda a melhorar a consciência sensorial e suas respostas diante desses
estímulos.
· O computador - se
mostra como uma ferramenta importante para o aprendizado da habilidade escrita
para aqueles que não conseguiram se adequar aos métodos tradicionais.
Para finalizar
gostaríamos de destacar que a maioria dessas intervenções não são oferecidas
pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tornando-se muitas vezes inviável para
realidade de muitas famílias brasileiras. A ABA, por exemplo, é um tratamento
caro e existem poucos profissionais capacitados para atender a demanda da
sociedade. Contudo, existem associações em Recife como a APAE e CPPL que
oferecem suporte gratuito as crianças, adolescentes e adultos que possuem
autismo..
Para mais informações:
Referências:
BANDIM, J. M. Autismo:
Uma abordagem prática. Recife: Bagaço, 2011.
GADIA, C. A.; TUCHMAN, R.; ROTTA, N. T. Autismo e doenças invasivas de
desenvolvimento. Jornal de Pediatria, v.80, n.2, p.83-94, 2004.
Outros sites:
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