6 de dezembro de 2013

Abordagens Terapêuticas

Na publicação anterior, falamos sobre o uso de aplicativos tecnológicos como recurso para facilitar a comunicação de autistas não verbais.  Hoje, contudo, procuraremos fornecer informações a respeito de outras abordagens e técnicas terapêuticas como forma de tratamento para pessoas que possuem autismo.
Primeiramente, é importante deixar claro que o tratamento do autismo requer a atenção de uma equipe multidisciplinar. Em outras palavras, diversas especialidades como psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, médicos, fisioterapeutas e etc, atuarão juntos estimulando as habilidades particulares de cada criança, adolescente ou adulto que possui esse transtorno.
 A partir disso, podemos destacar três níveis de intervenção que são igualmente importantes para a o progresso do tratamento como um todo:

·        Orientação e suporte familiar

·        Tratamento medicamentoso

·         Programas especializados

ORIENTAÇÃO E SUPORTE FAMILIAR
            Bandim (2011) nos diz que ao saber do diagnóstico de autismo, muitos pais reagem a essa notícia de forma desesperada, sentindo-se desamparados e inseguros a respeito do futuro de seu filho ou filha. É possível que surjam em alguns desses pais sintomas depressivos e ansiosos; daí encontra-se a necessidade de, nessas circunstancias, aconselhá-los em um tratamento psicoterápico.  
Muitas perguntas surgem a respeito do que é a doença, sobre o prognóstico, acerca de como lidar no dia-dia com essa situação e etc. Apesar da crescente exposição da mídia sobre o tema (em evidência atualmente devido à novela “Amor à vida”, da rede Globo), ainda há muita desinformação e preconceito sobre o autismo, sendo preciso, portanto, orientar essas famílias e todas as pessoas envolvidas.


Devemos enfatizar que o diagnóstico e o tratamento visam a possibilidade de um desenvolvimento mais saudável para a criança, resultando também na melhoria de sua qualidade de vida (BANDIM, 2011, p. 62).




TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
Atualmente não existe nenhuma medicação especifica que cure o transtorno. Na verdade o uso de medicamentos em pessoas que possuem autismo é utilizado como forma de melhorar alguns dos sintomas, como por exemplo: “hiperatividade, comportamentos auto e heteroagressivos, impulsividade, desatenção, comportamentos estereotipados, alterações do humor, ansiedade como sintoma disfuncional ou transtorno e hiperatividade ao contato pessoal” (BANDIM, 2011, p. 65).
Bandim (2011) afirma que a intervenção farmacológica realizada sob orientação profissional do médico deverá seguir alguns procedimentos:

- O médico precisará explicar primeiramente o motivo pelo qual um determinado medicamento está sendo receitado, alertando os familiares sobre as vantagens de sua utilização e possíveis efeitos colaterais;

- O médico deverá fazer uma avaliação clínica e se for necessário solicitar exames;

- Estipular um tempo de tratamento;

- No inicio do tratamento é preferível que se comece com uma dosagem pequena da medicação, para ir ajustando progressivamente, de acordo com as particularidades de cada um.

PROGRAMAS ESPECIALIZADOS 
Gardia, Tuchaman e Rotta (2004), reafirmam o que foi dito anteriormente:

O manejo de autistas requer uma intervenção multidisciplinar. As bases do tratamento envolvem técnicas de mudança de comportamento, programas educacionais ou de trabalho e terapias de linguagem/comunicação (p. 89).

Essas técnicas podem ser aplicadas tanto em contextos escolares e centros especializados, como também na própria casa da criança. É imprescindível que os profissionais envolvidos façam uma avaliação de cada caso, com o intuito de averiguar quais habilidades estão comprometidas e quais são as melhores ferramentas de intervenção.

Alguns exemplos de intervenções ou programas especializados são:

· TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handcapped Children). Essa técnica visa:
- Desenvolver as potencialidades de cada pessoa que possui autismo, levando em consideração a sua idade;
-  Promover independência;
-  Integrar a família no processo terapêutico.

Assista:


·  ABA (Applied Behavior Analysis) é uma intervenção baseada na teoria behaviorista e visa:
- Ensinar de forma intensa determinadas habilidades necessárias para que a criança, adolescente ou adulto se torne mais autônomo possível. Algumas dessas habilidades são: Contato visual, comunicação funcional, atividades escolares (leitura, escrita e matemática), autohigiene e autocuidado. 


Assista:



·   PECS (Picture Exchange Communication System) visa primordialmente:
-  Fornecer para os autistas não verbais uma ferramenta acessível capaz de comunicar o que deseja, incomoda e etc;
-  Fornecer também para os autistas que não possuem problemas severos de comunicação uma forma de organizarem sua linguagem verbal.


· Terapia Sensorial - ajuda a melhorar a consciência sensorial e suas respostas  diante desses estímulos.

· O computador - se mostra como uma ferramenta importante para o aprendizado da habilidade escrita para aqueles que não conseguiram se adequar aos métodos tradicionais.


Para finalizar gostaríamos de destacar que a maioria dessas intervenções não são oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tornando-se muitas vezes inviável para realidade de muitas famílias brasileiras. A ABA, por exemplo, é um tratamento caro e existem poucos profissionais capacitados para atender a demanda da sociedade. Contudo, existem associações em Recife como a APAE e CPPL que oferecem suporte gratuito as crianças, adolescentes e adultos que possuem autismo..

Para mais informações:

Referências:
BANDIM, J. M. Autismo: Uma abordagem prática. Recife: Bagaço, 2011.
GADIA, C. A.; TUCHMAN, R.; ROTTA, N. T. Autismo e doenças invasivas de desenvolvimento. Jornal de Pediatria, v.80, n.2, p.83-94, 2004. 

Outros sites: 

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